Mitos, Orações e Crenças

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terça-feira, 10 de abril de 2012

Lei da Ação e reação

Lei de Causa e Efeito x Lei de Ação e Reação

A compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a tomarmos decisões sábias e evoluirmos de forma mais eficiente.

Por Rodrigo Machado Tavares


Todos nós vivemos neste universo infinito, criado por Deus, o nosso Pai. Consequentemente, tudo e todos estão sujeitos às Leis de Deus (ou como ainda falam alguns: às leis da natureza). Essa verdade é muito bem explicada pelos ensinamentos espíritas, particularmente, através dos seguintes livros da Codificação Espírita (i.e., o Pentateuco Espírita), a saber; O Livro dos Espíritos (Livro Primeiro – das Causas) e A Gênese (Capítulo II).
Uma dessas “leis naturais” é a conhecida Lei de Ação e Reação, a famosa terceira lei de Newton. Tal lei nos ensina que: para toda força aplicada de um objeto para outro objeto, existirá outra força de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Em outras palavras, a Lei de Ação e Reação nos diz que, para cada ação, existirá uma reação oposta e de mesma intensidade. É oportuno salientar que as Leis de Newton são somente aplicáveis para os movimentos nos quais as velocidades dos objetos/corpos em deslocamento são bem menores do que a velocidade da luz. Por essa razão, a Física Quântica e a Teoria da Relatividade estão sendo usadas para a compreensão dos movimentos de objetos/corpos nos mundos microcósmico e macrocósmico. Em resumo, a própria lei de ação e reação não é adequada para descrever certos fenômenos, na esfera material dentro do planeta Terra.
Um outra lei natural é a Lei de Causa e Efeito, a qual não foi descoberta, mas revelada para todos nós, de fora verossímil, através da Doutrina Espírita, no século XIX. Essa lei é bem discutida nos livros da Codificação Espírita, sobretudo nos seguintes livros: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Céu e o Inferno. O conhecimento da Lei de Causa e Efeito é bastante importante para que possamos compreender o amor de Deus. Em verdade, o entendimento claro e racional dessa lei tem o potencial de fazer com que nós ajamos em concordância com o Amor. Em outras palavras, a compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a tomarmos decisões sábias, em nossas existências, e, consequentemente, a evoluirmos de forma mais eficiente.
Considerando, portanto, essas duas leis e suas “similaridades”, é comum escutarmos frases, como estas: A Lei de Causa e Efeito é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação, aquela lei de Isaac Newton. Para falar a verdade, a Lei de Causa e Efeito é um exemplo prático da Lei de Ação e Reação, pois nada é por acaso. Baseados nisso, podemos nos perguntar: i) essas leis são sinônimas? ii) se são, por que são? iii) se não são, qual é a implicação direta e/ou indireta de que se pensar que essas leis são iguais? iv) qual é a relação entre essas duas leis?
Esses tipos de questionamentos podem ser bastante comuns, especialmente quando se está começando a estudar os ensinamentos do Espiritismo. Tenho isso em mente, nós devemos sempre relembrar o que o Espírito Verdade nos disse: Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. É interessante observar que o Espírito Verdade incluiu um segundo mandamento: a instrução, que claramente não é mais importante que o Amor, contudo deve também ser um objetivo de todos nós, espíritas.
Sir Isaac Newton publicou o seu trabalho sobre as Leis do Movimento, em 1687. Já a ideia sobre a Lei de Causa e Efeito nos foi dada no século XIX, com o advento do Espiritismo. Dessa forma, é razoável pensarmos que a maioria de nós é (ou era) possivelmente mais familiarizada com a Lei de Ação e Reação do que com a Lei de Causa e Efeito. Isso pode ser afirmado, levando-se em consideração que todos nós somos seres imortais e, sendo assim, já ouvimos falar e aprendemos sobre a Lei de Ação e Reação muito mais do que sobre a Lei de Causa e Efeito.
Sendo assim, poderíamos dizer que o entendimento da Lei de Causa e Efeito e algo razoavelmente novo, aqui na Terra. Além do mais, o seu conceito e ainda “restrito”, ou melhor, mais e melhor difundido entre nós, espíritas. Seguindo essa linha de pensamento, muitos de nós, quando iniciamos nossos estudos espíritas, muito possivelmente, ao aprendermos novos conceitos (incluindo a Lei de Causa e Efeito), fazemos comparações, analogias, associações, etc., a fim de que possamos tê-los mais claros, em nossas mentes. Por exemplo, é muito comum, durante o processo de aprendizagem, usar um objeto de comparação, para poder explicar o objeto de estudo.
Seguindo esse pensamento, o objeto de estudo é a Lei de Causa e Efeito, e o objeto de comparação é a Lei de Ação e Reação. Apesar da associação entre essas duas leis ser feita durante a aprendizagem, não é correto dizer que as mesmas sejam as mesmas leis. Ao dizer que essas duas leis são a mesma coisa, estamos a assumir que o objeto de estudo é a mesma coisa que o objeto de comparação e vice-versa. Tal afirmativa pode nos levar a perceber a sentença “nada é por acaso”, de forma incorreta. Como consequência disso, existe uma possibilidade de se criar uma “teoria de fatalismo divino”, a qual não tem nada a ver com os ensinamentos espíritas. É recomendável a leitura do Capítulo 10 (Lei de Liberdade), de O Livro dos Espíritos.
Por essa razão, é correto afirmar que a Lei de Causa e Efeito não é a Lei de Ação e Reação. Claramente, tais leis têm um princípio semelhante: entretanto são leis diferentes. A semelhança entre essas leis se baseia no fundamento de que, para cada ação, existirá uma reação; i.e., para cada causa, tem-se um efeito. Esse fundamento é algo lógico, para tudo na vida; entretanto, as maneiras como a Lei de Causa e Efeito e a Lei de Ação e Reação se processam são completamente diferente. A tabela abaixo resume as principais diferenças entre essas duas leis.
Como é possível observar, as duas leis são completamente diferentes. Sendo assim, nós devemos estar cientes disso. Isso é oportuno de ser dito, porque nada é por acaso, mas cada caso é um caso.
Seguindo, então, essa lógica, nós não devemos tentar “adivinhar” as possíveis causas dos efeitos, sobretudo, quando as circunstâncias são completamente desconhecidas e, em especial, se o conhecimento dessas causas não nos adicionará algo de importante para a nossa evolução. Por exemplo, nós não devemos conjecturar as causas eu geraram as atuais situações (i.e., efeitos) as quais nossos irmãos estão a vivenciar. De outra maneira, estaríamos a julgá-los, e isso seria contra os ensinamentos do nosso Mestre Jesus (Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados – Lucas 6,37). Nós não devemos – nem tampouco nos punir – através dos sentimentos de culpa pelas decisões menos sábias as quais tomamos e/ou pelos “sofrimentos” pelos quais passamos. Contudo, devemos, sim, evitar cometer os mesmos erros do passado, buscando sempre refletir, antes de quaisquer de nossas ações (o que inclui também os nossos pensamentos). Nós não devemos “culpar” Deus, nem o governo, nem nossos familiares ou amigos pelos nossos erros ou “sofrimentos”, em nossas atuais existências. Se agirmos assim, estamos, de forma indireta, afirmando que a Lei de Causa e Efeitos é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação. E, ao afirmarmos que tais leis são a mesma coisa, é promover, de forma inconsciente, a doutrina ilógica do fatalismo.
Em resumo, responsabilidade é a palavra-chave. Nós devemos usar o nosso livre-arbítrio de forma sábia, o que significa dizer: amando a nós mesmos e amando o nosso próximo. Essa é a forma de se amar a Deus, tão bem demonstrada por Jesus, aqui na Terra, e, agora, tão bem explicada pelo espiritismo.

Nota da Editora: Esta matéria foi publicada, em inglês, na THE SPIRITIS MAGAZINE (TSM).

O autor, em Londres, Inglaterra, participa do Sir Willian Crookes Spiritist Society.

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Maria Lopes.