Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaki, do
México, liderou uma revolta contra a opresssão e a injustiça que
vitimavam seu povo. Desde este momento, nas terras americanas, o
mito dessa grande entidade nasceu.
Pena Branca é hoje símbolo de liberdade, autenticidade e fraternidade.
Entrando em contato com muitos irmãos de cultos afro-indígenas do
México, Caribe e Estados Unidos, fiz essa pergunta a mim mesmo:
"Será o nosso caboclo Pena Branca, essa mesma entidade ou um
representante dela"...
Certa vez perguntei ao irmão Salinas, curandeiro e médium de uma
tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidades que
incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi: Pena
Branca. Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um
índio do mesmo nome. Ele não se surpreendeu e disse que outros
"Penas" também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo
que fossem as mesmas entidades.
Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma
Divisões ou Vinte e Uma Linhas, que é parecida com a nossa amada
Umbanda. Nos terreiros desse culto, trabalham destemidos espíritos
de Índios, Pretos Velhos, Exús (ali chamados de Candelos) e outros
espíritos familiares. Na linha de índio bravo, uma das Vinte e Uma Linhas, encontramos também o nosso velho amigo Pena Branca!
Aí ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes. Com
ele, também incorporam Àguia Branca, Índio da Paz e outros "Penas":
Pena Azul, Pena Negra, Pena Amarela,etc.
Nos Estados sulistas dos Estados Unidos. existem algumas igrejas
espíritas... Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo evangélico e por dentro um terreiro. Os pastores são médiuns e bem
íntimos com as manifestações do mundo invisível.
O espírito principal que chefia essas igrejas, as vezes chamadas de:
"Igrejas Espiritualistas Africanas", é o Chefe Índio Falcão Negro.
Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros
das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Àguia Negra
(nomes de chefes indígenas que existiram) e entre eles está: Pena Branca. Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam
os Mestres Ascencionados, com Saint German, El Morya, e outros bem
conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre Curador: Ele
aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando
sábios conselhos e mensagens, seu nome: Pena Branca!
Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de
origem africana. Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos
de origem indígena taino, etnia local. Existem muitas entidades
indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de
animais, Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc.
Quando incorpora a falange do Povo Alado, simboliza pelos pássaros e
morcegos, um deles tem um destaque especial. Este espírito se apresenta
sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena branca na
cabeça, e é chamado Ìndio Pena Branca.
O encontramos novamente na Venezuela, onde existe um culto
belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda de nossa terra. Tem
Caboclo, Preto Velho, Exú, Orixás e tudo de bom. É a tradição de
Maria Lionza, a Rainha Mãe da Natureza.
Na Linha Ìndia, comandada pelo famoso espírito do Cacique
Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e
americanos. Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água,
cocares, maracás e todo o aparato ameríndio. Chegam bradando e
saudando o povo, que procura semanalmente os irmandades em
busca de alívio, socorro material e espiritual.
Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participava
de um culto Lionza. Perto do congá estava um rapaz incorporando um
caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas. A senhora chorava muito
e tremia. No final da sessão, o semblante dela havia mudado. Felíz,
ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida. Curioso, eu
me aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu. A velha
irmã respondeu com reverência: O Grande Ìndio Pena Branca!
O tempo passou, e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça:
*Será que é o mesmo Pena Branca...
*Terá esse caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim...
*Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro...
*Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou o de lá...
Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena
Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro Umbandista do
interior paulista, acontecia uma gira de caboclo. A líder do terreiro
abriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em
todo o seu esplendor e força. Fiquei atento. lembrei-me do Caribe e
pensava em tudo isso que agora escrevo aqui.
O Caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu
algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava. Senti uma
estranha energia percorrer minha espinha. Ele continuou olhando
e acenou. Me levantei e acenei de volta. Foi então que ele falou:
- Filho era eu, se lembra... tem um maço de ervas bem cheiroso para
mim...
SALVE SEU PENA BRANCA!!!
PARA COPIAR, CITE O AUTOR: EDMUNDO PELLIZARI- http://caboclosnaumbanda.blogspot.com.br
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