Mitos, Orações e Crenças

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quarta-feira, 22 de junho de 2016

As monjas que a França da liberdade de expressão guilhotinou e você nunca ouviu falar


As monjas que a França da liberdade de expressão guilhotinou e você nunca ouviu falar






https://youtu.be/FxElBk8FZQc

O vendaval de ódio anti-religioso que soprou na França durante a Revolução de 1789, atingiu duramente e de forma indiscriminada todas as ordens, todos os religiosos, de todas as cidades, inclusive, de forma brutal, a humilde 

          Comunidade das carmelitas de Compiègne.


                Vitral em honra das monjas mártires.


                
Já a partir de novembro de 1789 os bens eclesiásticos são compulsoriamente colocados à disposição do Poder Público. Depois, eram considerados “fora da lei” todos os religiosos que não jurassem a Constituição Civil do Clero.
No dia 4 de agosto de 1790, as carmelitas de Compiègne recebem a visita dos “comissários do povo” a fim de fazer o inventário de seus bens. No dia seguinte, insinuam que as religiosas abandonem o Convento e voltem para casa para aproveitar o “privilégio concedido pela lei”.
Mais tarde, em 14 de setembro do mesmo ano, como relutavam em abandonar a clausura, recebem ordens expressas de abandonar o edifício, sob pena de serem punidas pela lei. Sem ter para onde ir, procuram as freiras abrigo em casas de pessoas amigas na cidade, em grupos de quatro ou cinco. Mesmo assim, os “comissários do povo” vão a procura delas e exigem que façam um juramento republicano denominado “Liberdade-Igualdade”.
Predileção divina
Depois da Páscoa de 1792, esteve visitando o Carmelo de Compiègne o bispo de Saint-Papoul, Mgr. de Maillé-la-Tour-Landry, quando soube de um fato miraculoso ocorrido muitos anos antes. Estava um clérigo dando a comunhão a uma jovem de 15 a 16 anos, “virgem como um anjo”, segundo o bispo, quando a mesma entrou em êxtase vendo grande quantidade de religiosas, uma comunidade inteira, subir aos céus com palmas nas mãos. A superiora, dirigindo-se às irmãs, interpretou o sonho: “Poderíamos esperar que fosse a nossa comunidade que o Céu predestinasse a um tão grande favor?” Os fatos provariam que era aquela Comunidade, sim, que ganharia inteirinha a palma do martírio.
Esta idéia do martírio ia tomando vulto no espírito da superiora, Madre Teresa, e de suas religiosas à medida que o vendaval revolucionário ia crescendo. Determinado dia, a superiora reúne suas religiosas e lhes diz: “tendo feito meditação sobre esta matéria, veio-me ao pensamento fazer um ato de consagração pelo qual a Comunidade se ofereceria em holocausto para aplacar a cólera de Deus, para que a divina paz que Seu Filho veio trazer ao mundo fosse concedida à Igreja e ao Estado”. Todas as religiosas aprovaram a idéia e a consagração foi logo feita.
A situação das religiosas era difícil, dispersas pelas casas de amigos. Mas as proximidades das casas permitia-lhes reunirem-se para realizar alguns atos comuns sem chamar atenção. Certo dia, porém, as casas são “visitadas” abruptamente pelo “Comitê de Vigilância” da cidade. Nos dias seguintes as visitas se sucedem.
Durante aquelas “visitas”, os representantes do “povo” reúnem finalmente as “provas” com que podem mandar prender todas as religiosas, o que ocorre no dia 22 de junho. O material recolhido é enviado a Paris com os dizeres: “Já de há muito desconfiávamos que as ex-religiosas carmelitas deste município, se bem que alojadas em casas diferentes, viviam em comunidade, submissas às regras de seu ex-convento. Nossas desconfianças não eram vãs.
“Após várias visitas feitas, encontramos correspondência criminosa: não somente paralisavam elas os progressos no espírito do povo, admitindo pessoas numa confraria dita do escapulário, mas faziam também votos pela Contra-Revolução e destruição da República e restabelecimento da tirania”.
Dentre os documentos que foram apresentados como “provas” dos delitos das freiras, estavam cartas de alguns padres em que se falava de novenas, escapulários e direção espiritual; um retrato de Luís XVI, e imagens do Sagrado Coração de Jesus.




A morte “in odium fidei”
A 12 do mês seguinte, enquanto almoçam na prisão, as religiosas recebem ordens de partida imediata para Paris. Já estavam prontas a sua espera as carruagens que as levariam de viagem.
Tão logo chegam a Paris são levadas para a Conciergerie, a prisão de onde só se saía para a guilhotina. Por terem as mãos atadas, as religiosas descem com dificuldade das carruagens. O carcereiro, impaciente, empurra a mais idosa, quase octogenária e doente, fazendo-a cair de bruços sobre as pedras do calçamento. O povo presente protestou contra tal brutalidade. Ferida e com a face ensangüentada, a anciã ainda agradece a seu algoz por não a ter matado, porque isto a privaria da graça coletiva do martírio.
No dia seguinte as carmelitas são obrigadas a comparecer perante o Tribunal Revolucionário juntas com outro grupo de 15 pessoas. A maioria destas pessoas haviam cometido o “crime” de havê-las acolhido em suas casas. As características deste “julgamento” são iguais aos outros: não há advogado de defesa nem testemunhas a serem arroladas, há apenas o libelo acusatório.
A sentença saiu também da mesma forma das demais: morte pela guilhotina. Para se avaliar o facciosismo de tal “júri” basta julgarmos um caso. Um dos réus, Mulot de la Ménardière, foi condenado à morte como “padre refratário”, quando se sabe que o mesmo não era padre mas agricultor, bastante conhecido na cidade para ter sua profissão trocada em plena sentença do Tribunal, por sinal dirigido por um sujeito que o conhecia muito bem, pois era natural de Compiègne.
Em sua prisão na Conciergerie, as 16 carmelitas não deixam de cumprir a Regra da Ordem. Testemunhas afirmam que elas nunca deixaram de rezar o Ofício.

 E no dia de 16 de julho, véspera do martírio, celebraram a Festa de Nossa Senhora do Carmo, Patrona da Ordem, com tal entusiasmo que um dos presos que o testemunhou disse que “a véspera da morte parecia para elas um dia de grande festa”.
Enquanto as religiosas aguardam os carroções que as levariam ao cadafalso, como estavam em jejum, a superiora Madre Teresa de Santo Agostinho, temendo que alguma possível fraqueza física possa ser tomada como temor da morte, vende a um circunstante um xale de uma das freiras e proporciona a cada uma das freiras uma xícara de chocolate.
Vítimas expiatórias 
Caminhando para o cadafalso, as carmelitas cantam. Primeiro o Miserere, para que Deus perdoe os seus pecados; depois a Salve Regina, pedindo proteção à Santíssima Virgem, e, finalmente, o Te Deum, como canto de vitória pelo martírio.


 

 A multidão as segue em silêncio respeitoso, ninguém ousa bradar os usuais xingamentos que costumavam fazer contra os condenados. Nem sequer as furiosas “lambedeiras de guilhotinas”, ou, como alguns chamavam, “furiosas da guilhotina”, grupo de megeras debochadas e sedentas de sangue que sempre acompanhavam as vítimas para lhes aumentar o tormento e saborear suas angústias e terror.
Madre Teresa de Santo Agostinho pede para ser a última a morrer, a fim de poder encorajar suas filhas espirituais até o final. Segurando uma pequena imagem da Virgem Santíssima nas mãos ela entoa o hino “Veni Creator Spiritus”, invocando o Divino Espírito Santo.


 
 Irmã Constância, a primeira a ser chamada para o suplício, aproxima-se dela, oscula a pequena imagem, e pede à Superiora sua bênção e licença para morrer. Sobe depois serenamente os degraus do cadafalso, cantando o Salmo “Laudate Dominum omnes gentes”, indo colocar-se sob o cutelo e não permitindo que os carrascos nela toquem. Todas as outras seguirão seu exemplo. Os carrascos, cheios de respeito, não têm pressa e nem demonstram impaciência, permitindo que as carmelitas façam publicamente esse último ritual de sua Comunidade. 



Era o dia 17 de julho de 1794. O sacrifício destas 16 mártires não foi em vão. Deus logo fez cair seu braço sobre a cabeça dos principais chefes da Revolução. Alguns dias depois, no final do mesmo mês de julho, eram guilhotinadas 108 cabeças revolucionárias de Paris, dentre elas a do próprio Robespierre. Ao contrário das carmelitas, todos morrem desesperados, blasfemando, maldizendo-se a si mesmo e aos outros. Eram os demônios “mantenedores”, que alimentavam a Revolução em sua fase do terror, que estavam sendo exorcizados. Não sem grande comoção, desespero e blasfêmias.
Assim, embora elas não tenham feito o propósito de forma explícita, pode-se dizer que se tornaram Vítimas Expiatórias Exorcísticas.
O Papa São Pio X, a 10 de dezembro de 1905, beatificou as 16 mártires.
O grupo de religiosas carmelitas lideradas por Madre Teresa de Santo Agostinho era composto por 10 monjas, 1 noviça, 3 irmãs leigas, 2 irmãs rodeiras.
Relação das 16 beatas
Madeleine-Claudine Ledoine ou Madre Teresa de Santo Agostinho priora, 41 anos;

Anne-Marie-Madeleine Thouret ou Irmã Carolina da Ressurreição monja, sacristã, 78:

Anne Petras ou Irmã Maria Henriqueta da Providência monja, 34;

Marie-Geneviève Meunier ou Irmã Constança. noviça, 29;

Rose Chretien de la Neuville ou Irmã Júlia Luísa de Jesus, monja, 53;

Marie-Claude Cyprienne (Catherine Charlotte) Brard ou Irmã Eufrásia da Imaculada Conceição, monja, 58;

Marie-Anne (ou Antoinette) Brideau ou Madre São Luís, sub-priora, 41;

Marie-Anne Piedcourt ou Irmã de Jesus Crucificado, monja, 79;

Marie-Antoniette (ou Anne) Hanisset ou Irmã Teresa do Imaculado Coração de Maria, monja, 54;

Marie-Francoise Gabrielle de Croissy ou Madre Henriqueta de Jesus, antiga priora, 49;

Marie-Gabrielle Trezel ou Irmã Teresa de Santo Inácio, monja, 51;

Angelique Roussel ou Irmã Maria do Espírito Santo, irmã leiga, 51;

Julie (or Juliette) Verolot ou Irmã São Francisco Xavier, irmã leiga, 30.

Marie Dufour Irmã Santa Marta irmã leiga, 51;

Catherine Soiron rodeira, 52;

Thérèse Soiron rodeira, 46.
Texto do blog QUODLIBETA.



https://youtu.be/WJlUP3yDvkQ

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Maria Lopes.