Mitos, Orações e Crenças

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quarta-feira, 2 de março de 2016

A prodigiosa história de Nossa Senhora dos Desamparados

Valência é uma cidade carregada de história. Está situada no leste da Espanha, às margens do Mar Mediterrâneo.

Ela foi invadida pelos muçulmanos no fim do século XI.

Mas, foi reconquistada pelo grande herói Cid Campeador. Ele foi seu soberano e ali faleceu.

Em Valência nasceu o extraordinário São Vicente Ferrer, o qual lutou contra a decadência da Idade Média com tal vigor e eloqüência que foi chamado o Anjo do Apocalipse.

A padroeira de Valência é Nossa Senhora dos Desamparados (*) cuja belíssima história é, em breves traços, a seguinte:

No início do século XV - quando ainda vivia o grande São Vicente Ferrer - foi fundada em Valência a Confraria dos Desamparados.

Ela visava socorrer os doentes e dar digna sepultura aos cadáveres abandonados nos campos.

O principal inspirador foi o Beato Padre Jofré. Essa Confraria, composta sobretudo de artesãos, chegou a ter entre seus membros duques, marqueses, condes e ricos burgueses.

Nossa Senhora dos Desamparados, imagem original, detalhe, Valencia, EspanhaA confraria obteve logo uma capela. Porém, faltava uma imagem de Nossa Senhora que exprimisse o espírito daquela instituição.

Em 1414, apareceram na casa de um confrade - cuja esposa era cega e paralítica - três jovens de rara beleza, em traje de peregrinos.

Eles disseram serem escultores, e dispuseram-se a fazer uma imagem da Virgem para a Confraria.

Pediram apenas um local isolado para trabalharem e que, durante três dias, ninguém os visitasse.

Consultado o Beato Jofré, a proposta foi aceita. No quarto dia, o mesmo homem de Deus, acompanhado de várias pessoas, foi até o local onde estavam os três jovens.

Bateram a porta. Mas, como ninguém atendia, a arrombaram.

Oh magnífica surpresa! Os jovens haviam desaparecido, mas deixaram uma belíssima imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus.

Todos entenderam que os peregrinos escultores eram anjos.

Nossa Senhora dos Desamparados, Valencia, réplica levada na procissãoA esposa cega do confrade, que recebera os três anjos, foi conduzida até o local onde estava a imagem.

Chegando diante da bela escultura, imediatamente recobrou a vista e o movimento de seus membros.

A partir de então, através dessa imagem sagrada que recebeu o título de Nossa Senhora dos Desamparados, ocorreram muitíssimos milagres, entre os quais destaca-se a cessação da terrível peste que grassou em Valência e outras partes de Espanha, em meados do século XVII, no reino de Filipe IV.

A imagem mede 1,40 m e representa Nossa Senhora carregando, no braço esquerdo, o Menino Jesus; o braço direito, cuja mão segura um ramo de lírios de prata, está estendido em direção ao solo.

Apesar dos exames realizados, até hoje não se sabe exatamente de que material foi esculpida a imagem.

Nossa Senhora dos Desamparados, Valencia, detalheSobre a cabeça de Nossa Senhora há uma grande e riquíssima coroa, cravejada de brilhantes, pérolas, rubis e outras pedras preciosas. Atrás da coroa um belo resplendor com doze estrelas.

O Menino Jesus segura em seus braços uma cruz. A Virgem e seu divino Filho portam túnicas e mantos primorosamente lavrados.

Hoje, tantas pessoas estão no desamparo, sobretudo espiritual.

Se Nossa Senhora enviou três anjos para o socorro material dos homens no século XV, com quanto mais razão não enviará Ela legiões de espíritos angélicos para nos proporcionar auxílio sobrenatural contra a degenerescência moral catastrófica em que o mundo se encontra!

É preciso pedirmos com fé, perseverança, humildade e confiança: Nossa Senhora dos Desamparados, socorrei-nos a nós abandonados neste mundo neopagão, e que não temos outro auxílio fora de Vós!

A festa de Nossa Senhora dos Desamparados é celebrada no segundo domingo de maio.

(*) Nossa Senhora dos Desamparados é também padroeira da Costa Rica.

(Fonte: Conde de Fabraquer, Historia. Tradiciones y Leyendas de Ias imágenes de la Virgen aparecidas en España, Tomo I, Imprenta y Litografia de D. Juan José Martinez, Madrid, 1861, pp. 147 a 202).

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Maria Lopes.